Os meus sonhos nunca dormem

Ventos de júbilo

 

No final da década de sessenta muitos portugueses agarravam o rumo das colónias em busca daquilo que o País não lhe atribuía. Colocavam em malas vazias sonhos em grades de esperança por onde os olhares procuravam um horizonte promissor, nos bolsos levavam a garra de querer, amar e conquistar as luzes fundidas de uma nação em repressão. Olívia e Francisco habitavam num pequena aldeia no norte do continente. Trabalhavam de sol a sol para sustentarem os seus três filhos, que haviam nascido numa sequência curta, nada era fácil mas contudo este modesto casal colocou o olhar neste mesmo sonho partilhado com tantos que já haviam ousado seguir. No dia 27 de Fevereiro de 1969 partiram em direcção à capital para embarcarem até às terras onde o sol desposa aromas peculiares e espessos de esperança. Ficaram em Lisboa uma única noite que não seria uma noite qualquer mas sim a noite de 28 de Fevereiro, aquela em que o último sismo do nosso País se fez sentir assombrosamente, uma noite de agitação onde muitas realidades ruíram e com elas muitas utopias ficaram enterradas nos escombros da história. Esta família permaneceu intacta e na mala agora também já carregavam mais uma história que o futuro viria contar. A terra prometida era já uma realidade, após quarenta dias de alto mar. Desembarcaram em Luanda procuraram uma pensão na medida exacta das suas fracas economias. Palmilharam avenidas e arredores para encontrarem rapidamente trabalho. A filha mais nova que já não abundava de muita saúde, começou por ter problemas ligados ao clima, extremamente quente desta cidade nascida nas margens do imenso atlântico no hemisférico sul. Mais uma decisão e com os andrajos nos ombros tomaram o “machimbombo” com um novo trajecto no albergue das conquistas ainda por desbravar. Desta feita chegaram a Nova Lisboa a 600Km de Luanda, a segunda maior cidade de Angola. Num planalto com cerca de 2000 metros de altitude, o que lhe confere um clima bastante mais moderado, com temperaturas amenas, sem o habitual calor africano. Instalaram-se em primeira instancia num bairro da periferia um local com o nome de Cambulo, Em muito pouco tempo já se encontravam os dois a trabalhar, Francisco colaborava como motorista numa impressa de transportes públicos e Olívia era cozinheira num restaurante da esplêndida cidade. Aquilo que os seus mais vastos sonhos não haviam programado era uma nova vida que começará a germinar no ventre da jovem mulher, após os primeiros soluços de um momento inesperado todos os elementos da família abraçaram com alegria mais este acontecimento. Os meses decorriam com normalidade e os caminhos começavam a florir, uma das prioridades era também encontrar um local para habitarem com mais condições que as inicias encontradas. No dia 20 de Novembro de 1969 toda a família fazia feliz a mudança para uma nova casa, com quartos para as crianças e um quintal onde poderiam brincar em liberdade, a euforia era uma constantes entre os arrumos e as gargalhadas que os faziam ver um céu muito mais azul que aquele dos primeiros tempos. A barriga de Olívia já estava muito saliente e a qualquer momento receberiam o fruto desta sorte. O sol já repousava há algum tempo, as crianças dormiam tranquilas, o pai acabara de se ajeitar na cama quando a mulher entrou no quarto com o ar tranquilo que a marcava em todos os instantes. - Vai chamar a parteira porque é chegada a hora: Rapidamente ele ergue-se do leito e ela tomava lugar no mesmo. Francisco vestiu-se num impulso de excitabilidade e perturbação. -Estás bem? Volto já com a D. Beatriz.. Gaguejou. Deu meia dúzia de passos e tinha a mão na fechadura da porta, quando escutou a voz vinda do quarto. - Chega aqui…já está… Num movimento imprevisto e com as emoções num bailado rodopiante, voltou ao quarto… Em cima da cama entre as pernas da corajosa mulher encontrava-se um ser pequenino ensanguentado e bradava ao mundo os primeiros berros doces, vociferados por uma menina que acabara de aterrar nesta vida… Neste impecável momento determinou diferença a mansidão e a experiência de três partos antecedentes num ambiente caseiro assistido por curiosas da aldeia. Com as instruções da mãe o pai amputou o cordão que unia estas vidas e comportou à irmã mais velha dar o primeiro banho à “benjamim”, que vislumbrava em total inocência, uma nova era, que poderá agora no tempo contar uma aventura. Um original nascimento na realidade de uma família unida e acolhida por ventos de júbilo.

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BEM VINDOS

 

De silêncio em silêncio descubro o verdadeiro som das palavras universais 

 

Com uma única palavra alcanço o mundo

AMOR

 

NUANCES DE UM SILÊNCIO A DOIS

 

 Um casal, dois escritores,

que num diálogo poético desfolham

ao longo das páginas sentimentos

muito próprios e íntimos,

como que em duelo de canetas,

produzindo escritos ímpares.

 
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O TACTO DAS PALAVRAS

UM LIVRO DE EMOÇÕES INTIMISTAS MAS UNIVERSAL, CADA LEITOR VAI POR CERTO ENCONTRAR-SE NESTA PALAVRAS PALPAVÉIS

 Livro de poesia

 

 TU CÁ, TU LÁ

Antologia poética  de 15 autores

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Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento. Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente que dita todas as palavras em impulsos do nada..

Último Poema

Quando o Inverno
se deitar no meu leito
e as flores cantarem aromas
pelos jardins em rosmaninho,
o som da minha voz
for o silêncio das minhas palavras
largadas pelas folhas velhas de papel…

Procurai
pelos cantos mudos da casa
os pedaços timbrados
das minhas emoções,
nelas podereis
tocar tudo o que fui,
a vida que vivi
os sonhos que levantei
toda a ilusão que nunca contei…

Não tenteis
buscar os meus momentos
encontrem somente
o vosso timbre
o sentir para lá da voz do poeta,
se assim as fixares
é porque também em vós
existe razão…sonhos e tempos
cobertos de luz!

Deixo-vos os meus traços
sem tempo em vagas horas
com eles fazei morada para todos,
assim a minha paz
será perpetuada nas brisas primaveris.

Porque no tempo
sois vós
o perpetuar da minha vida
da razão
que sempre moveu
todas as minhas entranhas
um toque para lá dos corpos
vestidos da essência materna
que a minha alma proclama
no som do olhar…

Será esta a verdade
pela qual sempre vivi,
aquela que em vós aprendi
a única palavra que alcança
o universo palpável
o amor
que colhi do vosso mundo!

Se algumas vezes
vós transmiti silêncio
foi para que pudessem escutar
os ruídos do mundo,
nele aprendessem a voar
com as vossas frágeis asas!




Dedicado aos meus filhos Cátia e Edgar
 

O meu Novembro

Eu não conto Primaveras
reúno Outonos
nascidos do Verão
que me embalaram o berço,
nutriram o meu desenvolver
me elevaram ao expoente
de ser a idade madura
com toda a ternura...

Desfio mais um Outono
no crepitar da lareira
aconchego mais um ano,
o ano transacto
com tantos pedaços…
Pêndulos dentro do olhar,
viragens e aprendizagens
acolhidas na leve forma
do meu caminhar…

É de Outono
que se veste a minha Primavera
nas margens
em que os poros fluem,
contagem crescente
de mais uma viagem
com a bagagem repleta de passado
rumo ao futuro a receber do hoje
a imensidão de um dia
eterno de gratidão!



 

 

 

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